Neste sábado (23), nossos educadores participaram de uma palestra enriquecedora ministrada pela Professora Doutora Marileia Sell, pesquisadora especializada em investigar as relações de gênero por meio da fala-e- interação.

O foco da palestra foi responder à pergunta: “Por que precisamos falar de gênero nas escolas?” Em um momento em que a sociedade ainda enfrenta desafios na forma como trata as mulheres, o mês de março não apenas celebra, mas também nos convida a refletir sobre o progresso necessário para alcançar a igualdade de gênero. Mais do que rosas, o dia 8 de março é sobre política e conscientização.

A professora Sell trouxe à luz dados preocupantes sobre a violência contra mulheres e meninas no Brasil, destacando a urgência de debater questões de gênero em todos os ambientes, incluindo a escola, uma vez é um espaço que desempenha papel crucial no ensino do respeito à diversidade. É durante o período de crescimento da criança que a escola assume a responsabilidade de transmitir conhecimentos e valores que muitas vezes não são abordados em casa.

Na minha tese de doutorado, estudei a violência e a narrativa, observando como as crianças vítimas de abuso sexual construíam, em conjunto com as pessoas que as atendiam, as narrativas de abuso. Um dos mais importantes estudiosos nessa área é Tilman Furness. Ele argumenta que é no espaço intermediário, na escola, que a criança ou o adolescente escolhe alguém de confiança para compartilhar seus relatos. Isso me causa arrepios. E quantos de nós, como professores, não acolhemos narrativas de violência? Por quê? Porque, muitas vezes, em casa não é possível fazê-lo – o ambiente pode não ser seguro, nem sempre a mãe é uma figura de proteção, infelizmente. Às vezes, a violência é tão grande que não há essa figura na família, e o mundo exterior é desconhecido para a criança – ela não tem para onde recorrer além do ambiente escolar. É importante para nós saber como fazer essas escutas, acolher sem julgar, sem adotar uma postura moralista. Devemos encaminhar essa criança, ajudá-la de forma eficaz. Portanto, a escola, novamente, é muito importante, não é mesmo?, relata a professora.

Entendemos que ao trazer debates significativos como esse para o ambiente escolar, não apenas educamos, mas também inspiramos os educadores a se tornarem agentes de mudança em uma sociedade mais justa e inclusiva.