O mês de maio nos convida para um trabalho de visibilidade e conscientização da sociedade e autoridades sobre a gravidade da violência sexual de meninos e meninas. Atenta a essa situação, a Escola Santo Afonso Rodriguez vem organizando, anualmente, uma série de atividades com o objetivo de fortalecer essa discussão entre educadores, educandos e a comunidade.

Neste sábado (15), abrindo as atividades alusivas ao tema, o Grupo de Trabalho de Projetos Interdisciplinares organizou um momento de discussão acerca dos sinais de abuso no ambiente escolar. A psicóloga e professora da Universidade Federal do Piauí, Hivana Fonseca, foi convidada a falar sobre o assunto em uma reunião por vídeo conferência.

O momento foi iniciado por uma oração, que nos chamou a reflexão sobre o nosso papel no mundo e nossa relação com Deus. Em seguida, o diretor acadêmico, Ir. Jorge de Paula, ressaltou o chamada da Companhia de Jesus para que possamos abraçar as causas sociais e está ao lados dos mais vulneráveis. “O que a companhia de pede de nós é corresponsabilidade. Por isso esses momentos são importantes”, afirmou.

Hivana Fonseca, em sua apresentação, trouxe um panorama acerca do abuso e sexual contra crianças e adolescentes, chamando atenção para o papel que os/as educadores/as cumprem nesse contexto. “Professores e professoras são, muitas vezes, pessoas de confianças para essas crianças. São referências. São pessoas que as crianças podem buscar para externar suas dores”, afirmou.

Nesse sentido, a identificação dos casos de abuso e exploração sexual tem se configurado como um grande desafio, mas ao mesmo tempo a grande possibilidade de romper com os ciclos de violência. Hivana Fonseca apontou quatros caminhos essenciais para esse processo de identificação: 1) escutar a criança e adolescente; 2) atentar-se as expressões; 3) observar o comportamento; e 4) sinais físicos.

“A escuta precisa ser uma escuta sensível, atenta e com paciência. É preciso acreditar nas crianças, acolhe-las e esclarecer os casos. Muitas vezes essas crianças não vão falar, mas podem expressar por um desenho, por um gesto, por uma redação. Elas vão externar de alguma forma, porque essa dor que elas sentem tende a querer sair. Quando percebemos, ainda na suspeita, é preciso fazer o encaminhamento correto, seja na diretoria da escola, pelo disk 100 ou conselho tutelar”, afirma a psicóloga.

Ao final, a Professora Rosemere Imperes, diretora geral, ressaltou a importância dessa atividade e da participação efetiva de toda a comunidade escolar no empenho em combater essas violências, quando identificadas. “Ainda precisamos avançar muito, mas os passos estão sendo dados e aqui na escola continuamos buscando fazer bonito no combate ao abuso e violência sexual infantil”, finaliza.

Como surgiu o Dia Nacional Contra o Abuso e Exploração Sexual Infantil?

A data foi escolhida em memória ao Caso Araceli, um crime que chocou o país à época. Araceli Crespo era uma menina de apenas 8 anos de idade, que foi violada e violentamente assassinada em 18 de maio de 1973. A violência a crianças e adolescentes, apesar de ser um crime hediondo, infelizmente, ainda segue impune na maioria dos casos.

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituído oficialmente através da lei nº 9.970, de 17 de maio de 2000. Normalmente, nesta data, são realizadas diversas atividades em escolas e diversos espaços sociais, com palestras e oficinas temáticas sobre a prevenção contra a violência sexual.